Apartamentos do ‘futuro’ são aposta do mercado imobiliário
Lançamentos trazem chuveiro com caixa de som bluetooth embutida e luzes de acionamento programado, ao estilo casa dos Jetsons
Você deixa o carro elétrico carregando na garagem, destranca a porta de casa usando apenas a digital e abre as cortinas da sala por comando eletrônico. Na hora do banho, canta debaixo de um chuveiro que toca sua playlist favorita via bluetooth e depois se enrola na toalha que o ponto de toalheiro mantém sempre aquecida. As luzes do quarto já estão programadas para acender assim que você entra – e bem de leve, pois no fim do dia você gosta mesmo é de uma iluminação mais relaxante.
Parece um episódio dos Jetsons ou cena de De Volta Para o Futuro? Pois não é. Essa tecnologia já compõe o pacote de muitos novos empreendimentos imobiliários em São Paulo. Antes itens de luxo, agora são facilidades que conversam também com questões como segurança, comodidade, economia e sustentabilidade – preocupações nada futuristas, por sinal.
Carregamento de carro elétrico em projeto da Tegra, que vai lançar sete prédios ‘tecnológicos’. Foto: Projeção digital
Adaptar a planta do imóvel às necessidades e ao estilo de vida do cliente foi uma das sacadas da incorporadora Tegra. Por meio do programa Tegra ID, as personalizações são feitas ainda na fase de construção. Localizados em bairros como Perdizes, Jardins, Moema e Brooklin, os sete prédios que vão subir nos próximos anos trazem opções que vão de aquecimento de piso nos banheiros, aspiração central e infraestrutura de desembaçador de espelhos a fechaduras eletrônicas, automatização das persianas e biometria nos elevadores e na entrada de serviço.
“A tecnologia vem para facilitar e resolver o dia a dia”, observa Deborah Seabra, economista do Grupo Zap, portal de imóveis que organiza o Conecta Imobi, congresso de tecnologia do setor imobiliário. “Quem procura esse tipo de imóvel geralmente é um público mais jovem, que já nasceu em um berço tecnológico, mas também tem um pessoal de gerações anteriores, com um poder aquisitivo mais alto, que se identifica com o conforto e a praticidade que a automação traz.”
A economista diz acreditar que esses empreendimentos estão de olho não apenas no presente, mas no que está por vir. Ter um carro elétrico hoje em dia, por exemplo, ainda é para poucos, mas em alguns anos talvez não seja mais. “Outra facilidade que em breve vai ser realidade na grande maioria das casas é a central de controle, que permite que a pessoa comande tudo com um clique”, explica. Ou seja, sem mais aquela história de esquecer luz acesa, ferro de passar roupa ligado ou torneira pingando.
A Max Haus, que cria produtos imobiliários customizados, desenvolveu até um aplicativo para cuidar disso tudo à distância, a partir do smartphone. “Muitos controles para diferentes tipos de equipamentos é coisa do passado, nada cômodo e pouco funcional”, diz o diretor Luiz Henrique de Vasconcellos. De onde estiver, a pessoa programa como quer que cada detalhe aconteça: quais pontos de luz se acendem a que horas e com que intensidade, em que momento o tablet liga para tocar uma música em determinado volume, temperatura dos ambientes, trava das portas, ar condicionado, tudo.
Dá até para controlar remotamente os eletrodomésticos, programando-os para ligar e funcionar pelo tempo desejado. Luiz Henrique entende que a automação antes era encarada como item de luxo porque a instalação envolvia muita quebradeira e refações no imóvel – custos altos. Por isso a central da Max Haus já vem toda pronta. “A automação, quando bem utilizada, sempre gera economias e é mais sustentável.”
A empreiteira Eztec também aposta nessa direção. Dois dos edifícios que estão a caminho – o Le Jardin Ibirapuera e o Z. Pinheiros – contarão com recursos tecnológicos projetados para uma vida mais conectada. Os moradores terão opções inteligentes como acesso a wi-fi nas áreas comuns, vaga para carregamento de carro elétrico e elevador com controle de acesso.
Outra que já incorporou a tecnologia ao cotidiano do imóvel é a global Tishman Speyer, que está lançando o edifício Alameda Jardins. Além do pacote “básico”, que inclui fechadura biométrica, automação de persianas e irrigação eletrônica das jardineiras do apartamento, a empresa norte-americana oferece oito bicicletas elétricas em sistema “bike sharing”, para uso compartilhado dos condôminos.
A tecnologia também estará presente na academia do prédio, onde os equipamentos serão conectados aos gadgets dos usuários, com programas e aplicativos que medem a performance e sistema de som. É no Alameda Jardins, aliás, que os chuveiros do apartamento terão caixas de som bluetooth embutidas. “As pessoas hoje procuram um empreendimento que já esteja preparado para dialogar com o estilo de vida delas”, afirma Daniel Cherman, presidente da Tishman Speyer no Brasil.
“Este estilo de vida tem a ver com modernidade, por isso é cada vez mais necessário aliar uma tecnologia que facilite o dia a dia a questões como mobilidade e compartilhamento. Não se trata mais de tendência. Já é uma realidade.”
Via: ESTADÃO