Ibovespa opera perto da estabilidade mesmo com a queda de quase 40% do petróleo; dólar comercial sobe a R$ 5,29
Mercado registra perdas em meio à derrocada da commodity por conta da falta de demanda no mercado global
O Ibovespa operava perto da estabilidade na tarde desta segunda-feira. Após abrir o dia com baixa de mais de 2,2%, o índice operava em queda de 0,04% por volta das 13h45. As ações da Petrobras, que operaram em queda durante toda a manhã, apresentavam intensa volatilidade na tarde desta segunda-feira.
As ações têm um pregão volátil e são pressionadas pelo novo crash do petróleo no mercado internacional, que chegou ao nível mais baixo em 20 anos. Também gera ruído a crise política e institucional que toma conta do País após as manifestações do domingo (19), endossadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.
Já o dólar futuro para maio tem alta de 0,94% a R$ 5,291. O dólar comercial sobe 1,01% a R$ 5,289 na compra e a R$ 5,291 na venda.
Vale lembrar que a liquidez do pregão hoje deve ser comprometida pelo feriado de Tiradentes amanhã, com muitos traders sem negociar na emenda do feriado.
O petróleo americano WTI sofreu um novo crash hoje e os preços recuavam mais de 41% a US$ 10,65 — o menor preço em 20 anos. O barril do Brent recua 4,45% a US$ 26,83 no início desta tarde. Segundo a CNN, o mercado percebeu que os cortes de 9,7 milhões de barris diários anunciados semana passada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) não serão suficientes para fazer frente à queda na demanda global por conta dos impactos econômicos do coronavírus.
Segundo Gabriel Fonseca, analista da XP Investimentos, é importante ressaltar a diferença entre o horizonte dos contratos futuros: o contrato referente a maio de 2020, que expira hoje (20) opera em forte queda de -37%, aos US$11,38/barril, enquanto o contrato de junho de 2020 recua pouco mais de 9%.
De acordo com ele, os motivos para o descompasso são a falta de liquidez para o contrato de curto prazo, com a migração de investidores para o do período seguinte e preocupações referentes à ultrapassagem da capacidade de armazenagem de óleo no núcleo de Cushing, em Oklahoma.
As bolsas da Ásia fecharam em queda, com a exceção de Xangai, onde o Banco do Povo da China cortou a taxa de juros em 0,20 pontos porcentuais para 3,85% ao ano. As bolsas europeias abriram estáveis, mas viraram para baixa em meio às preocupações com o petróleo.
Nos Estados Unidos, a IBM publica balanço hoje, enquanto Coca-Cola, Netflix e Texas Instruments divulgam resultados na terça-feira. Mas o investidor americano está mais preocupado com a reabertura da economia, que Trump anunciou para 5 de maio, e com um pacote de US$ 450 bilhões para pequenas e médias empresas em discussão no Congresso.
No Brasil, a Câmara dos Deputados vota nesta semana o chamado “orçamento de guerra” para o combate aos efeitos da epidemia do coronavírus. A Câmara deve votar a matéria na quarta-feira, após o feriado de 21 de abril.
Entre os indicadores, o Relatório Focus mostrou que os economistas projetam uma queda de 2,96% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. O dado é bem mais negativo que o da semana passada, quando a mediana das previsões dos especialistas era de uma retração de 1,96%. Para 2021, contudo, a projeção foi elevada de 2,7% na semana anterior para 3,1% agora.
A expectativa para a taxa básica de juros ao fim de 2020 foi reduzida de 3,25% para 3% ao ano. Para o ano que vem, a projeção foi mantida em 4,5% após três semanas consecutivas de revisões para baixo.
Em meio a medidas de isolamento social visando minimizar a disseminação do coronavírus, as expectativas para inflação e crescimento da economia do país também foram novamente reduzidas. Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a projeção de alta foi cortada pela sexta vez consecutiva, de 2,52% para 2,23%, em 2020, e cortada também de 3,5% para 3,4% em 2021.
No que tange às previsões para o mercado cambial, o relatório Focus revelou que a estimativa para o dólar teve alta de R$ 4,60 para R$ 4,80, em 2020, e um aumento de R$ 4,47 para R$ 4,50, ao fim de 2021.
Política
O presidente Jair Bolsonaro participou no domingo de um ato a favor de um golpe militar, do fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e contra as quarentenas para conter a epidemia do coronavírus no Brasil. O ato ocorreu na frente do quartel-general do Exército em Brasília (DF).
No ato, Bolsonaro prometeu “defender a democracia e a liberdade”, mas também afirmou que não vai “negociar nada” com o Congresso. No final de semana ocorreram carreatas contra a quarentena em Brasília, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, onde os participantes atacaram o governador João Doria (PSDB).
Doria condenou os atos e a participação de Bolsonaro na manifestação no Distrito Federal no domingo. “É lamentável que o presidente da República apoie um ato antidemocrático”, afirmou o governador de São Paulo.
Na capital paulista, Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte foram feitos panelaços contra o presidente na noite de domingo. As declarações do mandatário geraram mal-estar na cúpula das Forças Armadas.
Um general ouvido pelo jornal O Estado de S. Paulo avaliou que o lugar escolhido para o ato “não poderia ter sido pior”.
Pandemia
O número de mortos pelo coronavírus ultrapassou ontem mil em São Paulo, chegando a 1.015 no Estado. Em 32 dias, São Paulo chegou a 14.267 pessoas infectadas. Só no cemitério da Vila Formosa, na zona Leste da capital paulista, 13 retroescavadeiras abriram covas no final de semana.
O Ministério da Saúde informou que ocorreram 115 mortes pela doença no Brasil em apenas um dia, do sábado para o domingo. Segundo dados do Ministério, o Brasil tinha na noite de ontem 38.654 casos confirmados e 2.462 mortes.
Noticiário corporativo
A AES Tietê rejeitou na noite de domingo a oferta da Eneva para comprar a empresa. Em fato relevante, o Conselho de Administração da AES Tietê citou a “incompatibilidade” entre as estratégias das empresas.
Já a Eletrobras aprovou a oferta de R$ 232 milhões que a Evoltz Energia fez na sua participação restante na Manaus Transmissora de Energia (MTE).
Em outras notícias, a construtora MRV informou que pagará R$ 163,9 milhões em dividendos mínimos obrigatórios aos acionistas, relativos ao exercício de 2019. A MRV ainda não fixou uma data, contudo, para o pagamento.
Via: InfoMoney